A pedrinha azul


O Rui tinha uma pedrinha, pequena e duma cor muito azul, como se fosse o mar. 

 Blue, Gems, Sapphire, Stones, Sparkling, Shining, Shiny
Andava sempre com a pedrinha no bolso, fosse para onde quer que fosse. Por vezes, quando saía de casa, esquecia-se de levar consigo algumas coisas... um livro, que ia ser preciso numa aula, ou o dinheiro para comprar um bolo...mas, coisa que nunca se esquecia de levar, era a sua pedrinha azul.

Mesmo naquele dia em que tinha acordado já tarde e tinha saído de casa a correr para ainda chegar à escola a tempo, quando, ao descer a escada para sair deu conta de que se tinha esquecido da pedrinha, rapidamente voltou atrás para a ir buscar.
Saír de casa sem ela, isso é que não!

Porque o Rui sabia, só ele mesmo é que sabia que...aquela pedrinha azul era mágica!

Tinha-a encontrado um dia no chão mesmo ao lado dos baloiços, quando ele e o José andavam a brincar no parque infantil e, mal a viu, com aquela cor tão espantosa, decidiu que seria sua para sempre. 

Só depois....

Aconteceu assim: logo que acabaram de brincar, ele e o José, foram a correr, cada um para a sua casa. Mas, no caminho. com a velocidade da corrida, o Rui deu um toque num vaso com uma planta que estava à porta de casa da Dona Rosa. A dona Rosa ficou muito zangada e começou logo a gritar com ele. E o Rui, sem saber o que fazer, enfiou as mãos nos bolsos, como que para as proteger, e sentiu a pedrinha que tinha colocado no bolso direito das calças. Sem sequer saber porquê, talvez por estar nervoso, começou a apertar a pedrinha com força: foi quando sentiu a pedrinha a ficar muito quente. Só que, assim que isso aconteceu, a Dona Rosa deixou imediatamente de gritar e, começou, a sorrir e a dizer: “Deixa lá, o vaso não se partiu e felizmente não te magoaste! Vá Segue o teu caminho!”

Foi tão estranha, tão estranha aquela transformação da Dona Rosa, que o José olhou para o amigo e disse: “Parece maluca!”

O Rui também não tinha percebido muito bem porque diabo a Dona Rosa tinha, de repente, deixado de estar zangada, mas o que mais o intrigava era a pedrinha ter começado a ficar tão quente, que quase lhe queimava o bolso!
Mas, não contou nada a ninguém.

No dia seguinte, acordou com uma enorme gritaria que se ouvia do lado de fora do seu quarto. Vestiu-se, voltou a meter a pedrinha no bolso das calças, e foi ver o que se passava. A mãe estava muito zangada gritando com o gato Fanecas, porque o gato tinha saltado para cima da mesa e comido o fiambre do pequeno almoço. Novamente o Rui, meteu a mão no bolso e apertou a pedrinha com força, e novamente sentiu a pedrinha aquecer e, de imediato, a mãe chamou o gato começou a fazer-lhe festas e a dizer,”Ah, estavas com fome! Foste esperto, Faneca!” e ao mesmo tempo, ria-se divertida!

Foi nessa altura que o Rui compreendeu que a sua pedrinha, além de ter aquela cor azul que lembrava o mar, era uma perdinha mágica! Uma pedrinha que tinha o poder especial de...pôr as pessoas bem dispostas! Bastava que ele a apertasse com força!

O que aconteceu nesse mesmo dia, lá na escola, fez com que o Rui tivese mesmo a certeza do que acabava de descobrir.

No intervalo das aulas, estava ela no recreio a brincar, quando se aproximou dele o Januário. O Januário era um miúdo muito alto e que tinha muito mau feitio. Assim que o viu, o Rui tentou afastar-se mas não o fez a tempo. O Januário chegou ao pé do Rui e a primeira coisa que fez, foi começar a chamar-lhe nomes: “Olha o burro, és mesmo parvalhão...” e o Rui já sabia que. se respondesse o Januário lhe dava pancada. Só que, desta vez, o Rui o que fez foi apertar a sua pedrinha com muita força! A pedrinha aqueceu e logo, logo, o Januário fez um sorriso e disse: “Rui, vamos jogar à bola?” E a verdade é que foram mesmo jogar e passaram aquele intervalo, bem divertidos os dois!

O Rui teve sorte, encontrou, por acaso, lá no parque, a sua pedrinha. 

Mas há mais pedrinhas como a do Rui, espalhadas por aí! 

Azuis, da cor do mar!

Procura bem e talvez encontres a tua!

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